terça-feira, 4 de novembro de 2008

Árvore de mulheres


Ele olhou pra elas, eu não gostei.

-Ah!...esta gula ainda vai te matar! - penso em voz alta.

- A gula não é pecado se a intenção é amorosa... - diz meu filósofo com certa malícia e brilho no olhar.

Dou-lhe razão. Vou escrever aos quatro evangelistas e pedir-lhes para revisarem os evangelhos. Abaixo o pecado! Também as minhas intenções são sempre amorosas. Além do mais, nem vou ligar. Pernas, vulvas e cinturas são afrodisíacas e nutritivas. Não é ocasional tanto apetite nele ultimamente.

Ele se desculpa e diz:

- você é a mais linda e sabe.

Eu sei. Com qualquer roupa eu o comovo. E o comovo sem roupa. Ele anda pela vida comovido. Ou seria, encantado? Coisa de amor.O amor, de um certo modo, é regressivo. Ao mesmo tempo nos projeta para o alto e leva-nos de volta à adolescência, àquela fase da vida quando começamos a farejar o amor e o coração grita no peito, em dueto com o genital.

Ele olha para a minha sandália, pergunta a cor do esmalte.

- Atração Fatal, eu repondo.

- Seu pèzinho pintado assim ficou muito apetitoso.

Meus dedinhos, amoras, ameixas, morangos silvestres? Suas narinas então se dilatam e farejam o manjar dos deuses, tudo em mim o apetece. Abandono então aquelas outras pra lá. Sou ou seu regime alimentar. E sua meditação, sua terapia de corpo e mente. Ah!...seu elixir da juventude também, pois desde quando nos conhecemos nunca lhe nasceu um só fio de cabelos brancos.
Então chega de ciúmes e bendita seja essa Arvore de Mulheres plantadas por Deus em seu pomar.

História De Um Desamor




Madame Bovary


Estas damas da época vitoriana poderão nos inspirar com seus vestidos maravilhosos, a bela expressão, os acessórios preciosos e o bom gosto.


Em 1856, o romancista francês Gustave Flaubert criou Emma Bovary, uma personagem literária que, com o passar do tempo iria suscitar um debate entre intelectuais e investigadores sociais, que se apoiaram na magnífica descrição psicológica que o autor realiza para analisar assuntos tão díspares como a infidelidade, o poder da imaginação e o amor incondicional.É uma personagem complexa, cheia de matizes. Sua elegância discreta e uma sofisticação aparentemente dissimulada são um modelo representativo do choque entre o romantismo transbordante de Emma e uma sociedade incapaz de a compreender.


Filha de um agricultor, a jovem Emma Rouault casa-se com um médico da aldeia para quem o casamento constitui a realização do maior de seus sonhos. Contudo, para Madame Bovary a plácida existência circunscrita a um meio burguês e provinciano começa a surgir-lhe como insuportável, e depressa começará a questionar-se sobre a natureza do seu casamento, sobre o amor e a paixão.


Convencida de que seu marido não pode oferecer-lhe o ideal de amor romântico a que aspira, procura-o de forma obcessiva.Emma Bovary é vítima de uma exaltação imaginativa que a conduz ao desejo de viver aventuras amorosas.


Da figura de Madame Bovary pode-se extrair um arquétipo complexo, cheio de matizes. Os leitores chegam a odiá-la e a amá-la ao mesmo tempo, a compreendê-la e rejeitá-la, e até a desprezá-la e a reconhecê-la.Em resumo, trata-se de uma personagem na qual todos os homens e mulheres podem ver-se nela refletidos.


Na verdade, as suas aventuras acabam por enfastiá-la, pelo que as constrói à medida da sua imaginação. As relações com os homens estão marcadas pelo seu carácter insconstante. Inventa os seus amantes como desejaria que eles fossem. No momento em que o inadiável quotidiano se instala, abandona-os ou então são eles que a deixam. Nessa espiral de voluptuosidade elas nos envolve a todos.


Emma Bovary representa a expressão dos desejos mais românticos, libertados a contracorrente de uma sociedade com o olhar fixo nas múltiplas revoluções burguesas que a abalam. Esta atitude pressente-se ao observar a sua maneira de se comportar e, sobretudo, de vestir.


De certo modo, não se trata do que se vê e sim daquilo que se esconde. Esta forma de entender a moda reflete-se na perfeição do vestuário. O vestuário de Emma Bovary foi influenciado pelas revistas femininas, que começaram a ser publicadas na época, ao mesmo tempo que têm lugar os primeiros desfiles de moda. Ao observar seus trajes damo-nos conta de que, em vez de ostentação, reina a sobriedade nos vestidos confeccionados com tecidos de qualidade, atendendo aos pequenos pormenores que tinha o único objetido de atingir os olhares.


Madame Bovary pretendia seduzir. O exemplo do vestido de passeio que vestia, servia às mil maravilhas para tal propósito, com sedas e tules a condizer, em jeito de complemento. Plissados que de modo algum sobrecarregaram a saia e uma cintura fina que realçava sua figura, para o que certamente contribuiram os diferentes e belos elementos de passamanaria. O gosto pelos pormenores bem patente nos grandes laços presos com uma pregadeira de pérolas na elegante cor Borgonha, ou no chapéu de abas largas com fita de seda de cor champanhe e pena de avestruz tecida. Uma autêntica dama no seu elegante vestido para ofuscar a sociedade burguesa da época.

O vestido típico do século XIX.
É composto de uma parte inferior evasée, com a sai a chegar ao chão. A pouco e pouco, o diâmetro das saias vai-se reduzindo, e os cortes, apesar de justos, já não chegam ao pescoço. As antigas algibeiras deram lugar à bolsinha. Um mimo, confeccionada no mesmo tecido do vestido e adornada com passamanaria e fita de seda. Eram uma gracinha.



Gustave Flaubert (1821-1880)

Entre o romantismo e o realismo, Gustave Flaubert conseguiu com Madame Bovary um dos mais importantes romances da literatura universal. Após a sua publicação em 1856, o autor foi objeto de um porcesso judicial, por ofensas à moral pública e à religião, do qual foi absolvido. As censuras feitas ao romance em certos ambientes literários e sociais da época prendiam-se mais com as críticas que este faz às consequências fatais que a ideologia burguesa exerce sobre uma alma cândida do que à conduta da protagonista. Trata-se do mesmo tipo de crítica que impregna, de uma maneira mais subilina contudo muito eficaz, o romance Educação Sentimental (1870), que alguns críticos consideram ainda superior a Madame Bovary.


Fonte: Damas de Época, Ed. Planeta, DeAgostini, São Paulo, 2008.
Na próxima matéria , as novas bonecas de porcelana e a moda elegante de Margarita Gautier, a Dama das Camélias!
(Docemaior)

domingo, 2 de novembro de 2008

insulto


Ao executar a pintura de uma mulher usando o véu e segurando um porco no colo, a artista Sarah Maple, de 23 anos, quis "abraçar várias culturas" a partir de sua dupla condição de britânica e muçulmana.
Para certos setores da comunidade islâmica, esse quadro e as cerca de 30 obras que a jovem expõe em uma galeria em Londres, cheias de referências irreverentes à religião e ao sexo, representam "um insulto em nome da arte".
Os radicais islâmicos ainda não botaram fogo na galeria onde Maple expõe. Mas o local, no bairro de Notting Hill, já teve quebrados, semana pasada, aporta e a vitrine. "Temo por minha segurança, mas não quero me deixar intimidar". Maple se define simplesmente como uma jovem da era da globalização, "uma britânica muçulmana que adaptou sem problemas sua religião ao ambiente ocidental, que também é seu", informa hoje matéria no jornal espanhol El País.
Obras como o próprio auto-retrato da artista, com o cabelo escondido pelo véu, e os sugestivos seios da modelo Kate Moss sobrepostos à imagem, não caíram nada bem entre os que professam sua religião. "Quis proclamar que usar o jihab não é melhor nem pior. Meu trabalho trata de minha identidade dupla, como filha de um britânico e de uma muçulmana, e o contraste entre as duas culturas acaba lhe conferindo um tom renovador, quase humorístico, sobre a identidade feminina e seus múltiplos condicionamentos hoje em dia", justifica a autora. Nunca pretendeu ofender sua própria religião, disse.
(Trem Azul)